Não basta ser mulher é preciso lutar
- Fabíola Weber
- 12 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Fabíola Weber[1]
Não basta ser mulher é preciso lutar, sobreviver, reinventar, amadurecer, dizer não, abrir mão, fluir, voar e principalmente não desistir. Era apenas para ser mulher. Tornou-se tudo e mais um pouco.
Tanta imposição! É para ser mãe, ser exemplo, ser cuidado, ser isso ou aquilo, trabalhar, construir, dar colo, empreender, pilotar, silenciar, sorrir, amamentar, cuidar do corpo e do cabelo. Ah! Não ter culpa também, porque sendo mãe eu já ouvi ... o nome se transforma em: Fulana de tal Culpa.
Parece simples porque temos conosco o dom de renascer. Mas às vezes dói. Sair da zona de conforto e enfrentar o que nos é imposto... dói , mas somos fênix, eu sou. Renascemos, damos vida. Não se esqueçam disso.
Aprendo que sair da gaiola às vezes é voar, às vezes é dar apenas um passo, porém jamais se deixar ficar. Porque não fomos feitas para permanecermos onde não nos é permitido ser nós mesmas.
Ás vezes nos falta consciência ... porque o gasto energético para nos manter é tanto que... não sobra para olhar para dentro e nos dar conta do nosso universo interior. Que você mulher não permita abafar o que possui de mais precioso: o seu “eu” interior. Há um mundo aí.
Que você mãe não se culpe. Ame, ou apenas se responsabilize, ou, seja você mesma. Sugiro também outra escolha: a de não ser mãe e ... tá tudo bem também. É sim ... é verdade ... tá tudo bem... Ou talvez nem se case. Porque às vezes o príncipe encantado vira sapo ... e você nem sempre vai aprender isso antes de escolher... Então sugiro que cuide primeiro de você mesma... seja inteira, caso contrário encontrará metades ... e vai achar que isso é o que te falta. Nada, você, eu, nós, nascemos para sermos inteiras. Transborde apenas. Fique com você e se ame mais. Em resumo: temos escolhas, toda escolha carrega consigo uma renúncia, mas temos a liberdade de fazer escolhas. Faça a sua conscientemente. Mas faça.
Que você profissional seja qual for sua escolha ... seja íntegra. Que você mulher negra ... não desista... eu não sou você, mas sei que sofre, temos uma dívida com vocês e com os seus. Que você mulher siga um dia de cada vez e de preferência como nos ensinou Raul Seixas : “uma metamorfose ambulante”, que você leitora que tem agora o texto a seu dispor... seja você mesma, custe o que custar. Haja com respeito acima de tudo, lute para encontrar a verdade que liberta.
E a você caro leitor ... eu deixo uma pergunta: Você gostaria de ser mulher pelo menos em um dia da sua vida? Talvez eu possa te ajudar na imaginação: escolha o dia do parto ... você escolheria ser mulher? Ou talvez possa escolher também o dia em que uma mulher é estuprada, você escolheria? Bom... tenho aqui outro exemplo: quer ser a mulher que trabalha como você, aquela que estudou como você, mas puxa ... ela ganha menos ... seja ela, o que acha?
Aprendi nesse meu caminho, nas minhas lutas que me colocando no lugar de quem sofre, talvez, eu aprenda que ali tem uma dor que eu desconhecia. Escute a nossa. Tente. Você homem tem o caminho de escolher isso. Faça essa escolha. Eduque seu olhar, seu sentir. Eu me compadeço porque sem isso, você não será inteiro. E desejo que sejamos imagem e semelhança de Deus.
[1] Bacharel em Relações Públicas, Bacharel em Teologia, Especialização em Cultura judaica cristã-história e teologia, Mestrado em teologia: Sagradas Escrituras.
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